quinta-feira, 5 de março de 2015

Somos todos America!

Recebi o texto abaixo do amigo Paulo Souto, brilhante profissional de turismo, escritor e pintor. Ele, que é torcedor apaixonado do Vasco da Gama. traduziu brilhantemente, o amor que todos sentem pelo America. Tenho certeza que gostarão.

UM VASCAÍNO SE RENDE À GRANDEZA DO AMÉRICA

Paulo Souto autografando seu livro mais recente na Bienal
Tinha dez anos e numa tarde muito quente do ano de 1960, eu e um grupo de meninos jogávamos bola num campinho perto de nossa casa.

De repente ouvi um grito de gol, paramos a pelada e Valdir Amaral da Rádio Nacional cheio de elegância anunciava gol do jogador Jorge do América aos 33 minutos do segundo tempo, desempatando a partida.

Faltavam 12 angustiantes minutos para o final e vi todos pararem, pois se mantivesse aquele placar o Brasil teria o campeão mais amado. O América se igualaria às grandes agremiações, com o título de Campeão Carioca.

Este fato me deu a noção do que é torcer por um clube que não é seu e que todos os torcedores dos outros clubes torcem, pois torcer pelo América é uma religião, que emocionou a milhões de fluminenses e cariocas e, com certeza, a milhões de brasileiro. O que se viu naquele domingo, foi uma ovação de quase cem mil torcedores no maracanã, a explosão quando Valdir Amaral gritou e nós gritamos juntos com ele, AMÉRICA CAMPEÃO CARIOCA.

Foi aí que o mais belo hino de um clube tocou e fez um país parar. “HEI DE TORCER, TORCER, TORCER HEI DE TORCER ATÉ MORRER, MORRER, MORRER, POIS A TORCIDA AMERICANA É TODA ASSIM, A COMEÇAR POR MIM, A COR DO PAVILHÃO É A COR DO NOSSO CORAÇÃO”. Alguns choraram, outros se abraçaram e sorriram aquele feito. Parecia que o campeão era o Vasco, Flamengo, Fluminense, Botafogo e não o América.

O clima era de plena euforia, entrei naquela onda e escutei do meu pai um vascaíno inveterado me dizendo com um sorriso em seu rosto: - O AMÉRICA É O CAMPEÃO! Parecia que era seu Vasco que tinha conseguido o feito de 1958, quando o Clube da Cruz de Malta sagrou-se super, super campeão em cima do maior rival. Hoje o campeão era o segundo clube dos torcedores do Rio de Janeiro.

As mesas redondas da época enalteciam o grande feito americano, desfilando os nomes dos atletas e as possíveis transferências de jogadores para o Palmeiras e o Juventus da Itália. Foi o surgimento de novos craques e o encerramento de carreiras de outros, oriundos da quase vitoriosa campanha de 1955, quando América teve a oportunidade de sagrar-se campeão; não fosse o fato do argentino Martín Carlos Alarcón ter sido violentamente agredido por Tomires do Flamengo, quebrando-lhe a perna e quase o inutilizando para a prática do futebol. Aquele foi um rasgo triste na história do América, só compensado cinco anos depois.

No dia seguinte ao feito, os jornais estampavam em suas capas o esquadrão do primeiro vencedor do campeonato do Estado da Guanabara. O torcedor do América carregava um sorriso de orgulho em seu rosto e os torcedores tricolores não se mostravam tristes por terem sido Vice-Campeões pelo seu primeiro clube e sim contentes por terem se tornado campeões pelo segundo clube.

Todos os torcedores se sentiram assim e fez aquele ano mais bonito, me incluindo nessa corrente de euforia. Eu, como bom vascaíno me senti mais uma vez campeão e só sentiria de novo essa emoção 10 anos depois.

Hoje quem viveu aquele tempo, guarda em suas lembranças o grande time do América o campeão mais amado do Brasil e com certeza a maior torcida desse país. Acredito que essa agremiação tenha a maior torcida do mundo e cravo mais de cem milhões de apaixonados do Oiapoque ao Chuí.

Parabéns América, por ter congregado em seus quadros, profissionais de dar orgulho a qualquer clube e os cito: ARÍ, JORGE, DJALMA DIAS, WILSON SANTOS E IVAN; AMARO E JÕAO CARLOS, CALAZANS, ANTONINHO (FONTOURA), QUARENTINHA E NILO. TÉCNICO: JORGE VIEIRA.

Saudações de um torcedor vascaíno, o mais americano do Rio.

Paulo Souto

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